"Não tenho forças que me levem daqui, deitaste-me um encanto, Não deitei tal, não disse uma palavra, não te toquei, Olhaste-me por dentro, Juro que nunca te olharei por dentro, Juras que não o farás e já o fizeste, Não sabes de que estás a falar, não te olhei por dentro, Se eu ficar, onde durmo, Comigo.

(in Memorial do Convento)

domingo, 11 de dezembro de 2011

Shame


Cerca-te uma respiração pesada. Prende-te na confusão dos teus actos. Corres. Queres libertar-te. Esforço em vão. Quase sufocas na claustrofobia do inspirar e expirar. Apercebes-te, tarde de mais, que permaneces na devassidão. Continuas a procurar o calor anónimo dos corpos enrolados em fugaz prazer. Ao teu lado, uma mulher levanta-se. O teu suor prolonga-se-lhe na curva do ombro nu. Sentes-te vazio de emoções. Estás vazio de ti. Já não és nada mais que o instrumento descontrolado do desejo. A seda amarrotada dos lençóis já não consegue esconder a vergonha.



Trailer de Shame (2011)

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