"Não tenho forças que me levem daqui, deitaste-me um encanto, Não deitei tal, não disse uma palavra, não te toquei, Olhaste-me por dentro, Juro que nunca te olharei por dentro, Juras que não o farás e já o fizeste, Não sabes de que estás a falar, não te olhei por dentro, Se eu ficar, onde durmo, Comigo.

(in Memorial do Convento)

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Desencanto



Sacudo-te do calor do meu corpo sem arrependimento. A mágoa afasta-se, pequeno ponto distante pelo retrovisor, dissuasora da tentação de regressar. Um dia fomos felizes. Juntos, não sei se o voltaremos a ser. Beijaste-me na noite fugaz, ao coberto da timidez e da ilusão, num sonho não partilhado. Esbarrei na tua imaturidade, qual parede que inconscientemente ergueste. Minto. Como não te podias aperceber das consequências dos teus actos? Como esperavas que eu te pudesse acolher na intimidade do meu abraço, passiva e cega às falsas verdades e doces mentiras com que me espezinhaste? Não sou e não serei o teu porto seguro na solidão alcoolizada dos dias que se arrastam. Perdeste-me quando o teu olhar me quis seduzir mas não me abarcou; perdeste-me na noite em que preferiste o acaso do jogo à honestidade da palavra.


2 comentários:

  1. Pasme-se o meu encanto por descobrir neste lugar de dentro outras narrativas tuas.

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    1. Oh obrigado :) sim, tenho este bichinho da escrita que não se estende só ao Cinema...e cá vou publicando umas coisas. Gostei do trocadilho ;)

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